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Chuvas de meteoros e estrelas cadentes: Formação e história

Chuvas de meteoros e estrelas cadentes: Formação e história

Data de Publicação: 11 de agosto de 2022 21:50:00 Por: Marcello Franciolle

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Chuvas de meteoros emocionam os observadores do céu todos os anos, mas o que causa esses shows noturnos inesquecíveis?

A chuva de meteoros Geminídeos ocorre em dezembro. Crédito da imagem: Haitong Yu via Getty Images

 

As chuvas de meteoros aparecem quando fragmentos de poeira (meteoroides) de asteroides ou cometas entram na atmosfera da Terra em velocidades muito altas. Durante sua jornada pela atmosfera, os meteoros se friccionam nas partículas de ar, criando atrito e calor. O calor então vaporiza a maioria dos meteoros, resultando em faixas brilhantes de luz no céu, ou estrelas cadentes.

Poeira e partículas bombardeiam perpetuamente a Terra de todas as direções, resultando ocasionalmente em meteoros solitários. Também há "chuvas de meteoros" regularmente cronometradas, quando os astrônomos podem fazer melhores previsões sobre quantos meteoros atingirão a atmosfera da Terra e de que direção.

Dependendo de onde o rastro de partículas cai em um determinado ano, as chuvas de meteoros podem ser espetaculares ou um colapso total. A lua também pode desempenhar um papel significativo na visibilidade de uma chuva de meteoros, com uma lua cheia brilhante ofuscando meteoros mais fracos e uma lua nova fornecendo céu escuro ideal para caçadores de estrelas cadentes.

CARACTERÍSTICAS DO METEORO

A maioria dos meteoros se tornam visíveis a cerca de 96,5 quilômetros de altitude. Alguns meteoros maiores podem brilhar ainda mais que Vênus, são visíveis durante o dia e podem ser ouvidos a até 48 km de distância, chamamos isso de "bolas de fogo".

Em média, os meteoros podem acelerar pela atmosfera a cerca de 30.000 mph (48.280 km/h) e atingir temperaturas de cerca de 1.648 graus Celsius (3.000 graus Fahrenheit). 

A maioria dos meteoros são muito pequenos, alguns tão pequenos quanto um grão de areia, então eles se desintegram no ar. Os maiores que conseguem sobreviver à viagem pela atmosfera e chegar à superfície da Terra são chamados de meteoritos, são raros. Dito isto, os cientistas estimam que aproximadamente 48,5 toneladas (44.000 kg) de material meteorítico chegam à Terra todos os dias, de acordo com a NASA.

Se um objeto se separa depende de sua composição, velocidade e ângulo de entrada. Um meteoro mais rápido em um ângulo oblíquo (inclinado em vez de reto) sofre maior estresse. Meteoros feitos de ferro suportam melhor o estresse do que os de pedra. Até mesmo um meteoro de ferro geralmente se desfaz à medida que a atmosfera se torna mais densa, cerca de 8 a 11 km (5 a 7 milhas) de altitude.

CHUVAS DE METEOROS ANUAIS

Chuva de meteoros Geminídeos capturada acima de uma caixa água da ferrovia em Dos Cabezas Siding no Parque Estadual do Deserto de Anza-Borrego, Califórnia, EUA. Crédito da imagem: Kevin Key/Slworking 

 

Meteoros são frequentemente vistos fazendo uma queda solitária na Terra. Mas em determinadas épocas do ano, dezenas, até centenas de meteoros podem iluminar o céu em uma impressionante chuva de meteoros. Essas chuvas parecem vir de uma parte do céu, conhecida como radiante, e se espalham em todas as direções. 

As chuvas de meteoros recebem o nome das constelações de onde a chuva parece estar vindo. Por exemplo, as Oriónidas parecem se originar da poderosa constelação de Orion, enquanto os meteoros Perseidas ou Perséiades parecem vir da constelação de Perseu.

Existem várias chuvas de meteoros periódicas que os astrônomos e observadores amadores esperam todos os anos. Para descobrir quais chuvas de meteoros estão vindo em sua direção e quando, confira esse artigo abrangente guia de visualização de chuvas de meteoros

Leônidas: A mais brilhante e impressionante é a chuva de meteoros Leónidas ou Leônidas, que pode produzir uma tempestade de meteoros que inunda o céu com milhares de meteoros por minuto em seu pico. Na verdade, o termo "chuva de meteoros" foi cunhado depois que os astrônomos observaram uma das exibições mais impressionantes das Leônidas em 1833. As Leônidas ocorrem todo mês de novembro, mas a exibição mais bonita da chuva acontece em intervalos de cerca de 33 anos, com a última iluminando o céu da Terra em 2002; não se espera que seja repetida até 2028.

Perseidas: Outra chuva que vale a pena ficar acordado é a chuva de meteoros Perseidas, que está associada ao cometa Swift-Tuttle, que leva 133 anos para orbitar o sol. A Terra passa pela órbita do cometa durante o mês de agosto de cada ano. Não é tão ativa quanto as Leônidas, mas é a chuva de meteoros mais assistida do ano, atingindo o pico em 12 de agosto com mais de 60 meteoros por minuto.

Oriónidas: A chuva de meteoros Oriónidas produz meteoros do cometa Halley, que orbita o sol a cada 75 a 76 anos. A chuva Oriónidas acontece todo mês de outubro e pode durar uma semana, versando os observadores pacientes com um show de 50 a 70 estrelas cadentes por hora em seu pico.

Quadrântidas: A chuva de meteoros Quadrantídeos vem dos destroços de um asteroide chamado 2003 EH1, que alguns astrônomos acreditam ser parte de um cometa que se partiu séculos atrás. Os detritos entram na atmosfera da Terra no início de janeiro e oferecem aos astrônomos e outros observadores um breve show.

Geminídeos: Como os Quadrantídeos, a chuva de meteoros Gemínidas, ou Geminídeos também veio de partículas de poeira de um asteroide, desta vez um asteroide próximo da Terra chamado 3200 Phaeton. Chuvas de meteoros são principalmente de cometas, então ter um asteroide como pai torna os Quadrantídeos e Geminídeos diferentes de outras chuvas de meteoros. Os Geminídeos acontecem em dezembro e pulverizam até 40 meteoros por hora fora da constelação de Gêmeos em seu pico.

Outras chuvas de meteoros a serem observadas são as Eta Aquáridas, também remanescentes do cometa Halley, em maio; e a Líridas, ou Lirídeos, que foram narradas em crônicas por mais de 2.000 anos, no final de abril.

DICAS DE OBSERVAÇÃO DE CHUVA DE METEOROS

As pessoas que vivem no Hemisfério Norte estão em melhor posição para observar as mais belas chuvas de meteoros. Por exemplo, a América do Norte está logo abaixo da região do céu onde aparece a chuva de quadrantídeos de janeiro.

Uma lua brilhante pode ofuscar a perspectiva de ver uma boa chuva de meteoros, ocultando todos meteoros, exceto os meteoros mais brilhantes. A poluição luminosa local também diminui as perspectivas, então o melhor lugar para ver uma chuva de meteoros é em uma área rural.

Para ver melhor uma chuva de meteoros, vá para o local mais escuro possível, recoste-se e relaxe. Crédito da imagem: Future

 

A maioria das chuvas de meteoros é melhor visualizada nas horas antes do amanhecer, quando a parte da Terra em que você está, encontra-se voltada para a direção da órbita da Terra. No final da noite, por outro lado, os meteoros são menos frequentes.

As chuvas de meteoros podem ser vistas em diferentes épocas do ano, dependendo de quando a Terra passará pelo caminho do cometa ou do asteroide. Algumas chuvas de meteoros acontecem anualmente; outras só aparecem durante um período de vários anos, enquanto alguns dos melhores shows, tempestades de meteoros, acontecem apenas uma ou duas vezes na vida.

O clima também pode dificultar uma boa visão das chuvas de meteoros. Um céu claro é um presente para os observadores noturnos, e é por isso que as chuvas de meteoros durante o verão são mais esperadas do que as que caem nos meses de inverno.

METEOROS NA HISTÓRIA

A "Pedra do Trovão de Ensisheim" é um exemplo famoso de um meteorito pedregoso que impactou a Terra em 7 de novembro de 1492, quando as pessoas acreditavam que os meteoros caíam de tempestades, daí o nome trovão. Esta imagem mostra o meteorito Ensisheim durante a conferência de imprensa e visualização da exposição no Museu de História Natural em 15 de novembro de 2013, em Viena, Áustria. Crédito da imagem: Manfred Schmid/Colaborador via Getty Image

 

Nos tempos antigos, objetos no céu noturno conjuravam superstição e eram associados a deuses e religião. Mas mal-entendidos sobre meteoros duraram mais do que sobre a maioria dos outros objetos celestes.

Os meteoritos (os pedaços que chegam à Terra) foram pensados há muito tempo atrás, como sendo lançados como presentes dos anjos. Outros pensavam que os deuses estavam exibindo sua raiva. Ainda no século 17, muitos acreditavam que eles caíam de tempestades (eles foram apelidados de "pedras do trovão"). A "Pedra do Trovão de Ensisheim" é um exemplo famoso de um meteorito rochoso que impactou a Terra em 7 de novembro de 1492, tornando-o o meteorito mais antigo conhecido registrado e ainda preservado na Europa, de acordo com a Forbes.

Muitos cientistas duvidavam que pedras pudessem cair das nuvens ou do céu, e muitas vezes simplesmente não acreditavam nos relatos de pessoas que afirmavam ter visto tais coisas.

Em 1807, uma bola de fogo explodiu sobre Connecticut, e vários meteoritos caíram, de acordo com a Sociedade Histórica da Nova Inglaterra. Até então, o primeiro punhado de asteroides havia sido descoberto, e uma nova teoria surgiu, sugerindo que os meteoritos eram pedaços quebrados de asteroides ou outros planetas. (Uma teoria que ainda se mantém).

IMPACTO NA TERRA

Quando os meteoritos atingem o solo, sua velocidade é aproximadamente metade do que era na entrada, e eles explodem crateras de 12 a 20 vezes seu tamanho. As crateras na Terra se formam da mesma forma que na Lua ou em qualquer planeta rochoso. Objetos menores criam crateras em forma de tigela. Impactos maiores causam um ressalto que cria um pico central; deslizando ao longo da borda forma eirados. Os maiores impactos formam bacias nas quais múltiplos ressaltos formam vários picos internos.

O maior meteorito recuperado nos Estados Unidos caiu em um campo de trigo no sul de Nebraska em 18 de fevereiro de 1948. Testemunhas viram uma bola de fogo gigante à tarde acompanhada por um som bramido como o de um motor a jato, de acordo com a empresa de recuperação de meteoritos Meteorite Recon. O meteorito foi encontrado enterrado a 3 metros de profundidade no solo. Pesava 1.070 quilogramas (2.360 libras).

A cratera de meteorito mais famosa dos Estados Unidos é erroneamente chamada de Cratera do Meteoro, ou Cratera de Barringer, e é encontrada no Arizona. A cratera se formou há relativamente pouco tempo (geologicamente falando) apenas 50.000 anos atrás, quando um grande meteoro de ferro medindo 30 metros (98 pés) a 50 metros (164 pés) de diâmetro, caiu no Planalto do Colorado, no norte do Arizona, de acordo com o Instituto Lunar e Planetário.

Grandes meteoros podem explodir acima da superfície, causando danos generalizados da explosão e consequente incêndio. Isso aconteceu em 1908 sobre a Sibéria, no chamado evento de Tunguska. Em 30 de junho de 1908, por centenas de quilômetros, testemunhas viram uma bola de fogo cruzar o céu, sugerindo que o meteoro entrou na atmosfera em um ângulo oblíquo. Explodiu, enviando ventos quentes e barulhos altos e tremeu o chão o suficiente para quebrar janelas nas aldeias próximas. Pequenas partículas sopradas na atmosfera iluminaram o céu noturno por vários dias. Nenhum meteorito foi encontrado e, durante anos, muitos cientistas pensaram que a devastação foi causada por um cometa. Agora, a teoria predominante sustenta que um meteoro explodiu logo acima da superfície.

Em 15 de fevereiro de 2013, um pequeno asteroide explodiu sobre a cidade de Chelyabinsk, na Rússia. Esta imagem mostra a bola de fogo criada quando o asteroide cruzou o céu. Crédito da imagem: Ministério de Emergência da Rússia

 

Um evento semelhante ocorreu em Chelyabinsk, na Rússia, quando uma rocha de 17 metros explodiu de 19,3 a 24,1 quilômetros (12 a 15 milhas) acima da superfície da Terra em 15 de fevereiro de 2013, danificando edifícios e ferindo mais de 1.000 pessoas. De acordo com um comunicado por Peter Brown, da Universidade de Western Ontario, no Canadá, "A energia da explosão resultante excedeu 470 quilotons de TNT" - 30 a 40 vezes mais poderosa do que a bomba atômica lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora o evento russo tenha colocado em foco o possível perigo que a Terra poderia sofrer com as rochas espaciais, a maioria dos meteoros não causa tantos danos. Ainda assim, a NASA e outras entidades mantêm um controle cuidadoso de todos os asteroides visíveis da Terra e estão ativamente engajados na descoberta do maior número possível de asteroides, especialmente aqueles que são maiores e representam uma ameaça (teórica) à Terra. As órbitas dos asteroides são traçadas e rastreadas para ver se elas se cruzarão com a Terra no futuro. Embora nenhum objeto iminentemente ameaçador tenha sido encontrado, a NASA continua a busca e publica os resultados publicamente no Small-Body Database Browser.

INFORMAÇÃO ADICIONAL

 

BIBLIOGRAFIA

  • Bressan, D. (2015, 30 de junho). Este meteorito foi preservado por mais de 520 anos. Forbes. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://www.forbes.com/sites/davidbressan/2015/06/30/this-meteorite-has-been-preserved-for-over-520-years/?sh=4ffc7d1811f2
  • Instituto Lunar e Planetário. Cratera do meteoro Barringer e seu ambiente. Cratera do Meteoro Barringer e seus efeitos ambientais. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://www.lpi.usra.edu/science/kring/epo_web/impact_cratering/enviropages/Barringer/barringerstartpage.html
  • MacDonald, E. (2018, 7 de agosto). Como as culturas antigas explicavam os cometas e meteoros. The Conversation. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://theconversation.com/how-ancient-cultures-explained-comets-and-meteors-100982
  • NASA. Tempestades de meteoros Leônidas: Campanha de aeronaves multi-instrumento Leônidas da NASA. NASA. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://leonid.arc.nasa.gov/
  • NASA. Meteoros e meteoritos. NASA. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://solarsystem.nasa.gov/asteroids-comets-and-meteors/meteors-and-meteorites/in-depth/
  • Condado de Norton. Reconhecimento de Meteoritos. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://www.meteorite-recon.com/portfolio_page/norton-county
  • Phillips, T. (2013, 26 de fevereiro). O que explodiu sobre a Rússia? Ciência da NASA. Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2013/26feb_russianmeteor
  • O meteorito Weston de 1807 traz pesquisas científicas para a América. Sociedade Histórica da Nova Inglaterra. (2021, 14 de dezembro). Acesso em 11 de agosto de 2022, em https://www.newenglandhistoricalsociety.com/weston-meteorite-1807/

 

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Referência:

DOBRIJEVIC, Daisy. Meteor showers and shooting stars: Formation and history. Space, Nova York, 11, ago. 2022. References. Disponível em: <https://www.space.com/meteor-showers-shooting-stars.html>. Acesso em: 11, ago. 2022.


Marcello Franciolle F T I P E
Founder - Gaia Ciência

Marcello é fundador da Gaia Ciência, que é um periódico científico que foi pensado para ser uma ferramenta para entender o universo e o mundo em que vivemos, com temas candentes e fascinantes sobre o Universo e Ciências da Terra para inspirar e encantar as pessoas. Ele é graduando em Administração pelo Centro Universitário N. Sra. do Patrocínio (CEUNSP) – frequentou a Universidade de Sorocaba (UNISO); graduação em Análise de Sistemas e onde participou do Encontro de Pesquisadores e Iniciação Científica (EPIC). Suas paixões são literatura, filosofia, poesia e claro ciência. 

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